terça-feira, 6 de setembro de 2011

CARTA CONFIDENCIAL
(Vivaldo Bernardes)

Minha querida Planaltina, aquele abraço.


Será desnecessário perguntar como vai você porque hoje pela manhã percorri a Floriano Peixoto, virei uma esquina, aquela da XV de Novembro, e sabe onde eu fui? À Praça do Museu! Que beleza... estava assiiim de sabiás, sem contar os bem-te-vis que lá dos mais altos das seculares árvores denunciavam a minha presença. Olhei para cima e sabe o que vi? Um bando de tucanos apressados. Pelo jeito eles iam pra Vila Buritis!...
Por falar em Buritis, e aquelas palmeiras... heim!?
Agora eu conto uma coisa que acontece comigo. Não sei se você se lembra, mas há 87 anos eu uso as mesmas pernas e elas me proibiam de participar da Corrida de São Silvestre. Por isso, e por outros issos, acontece que quando paro e vejo o precipício do meio fio, ouço de imediato: “O senhor quer ajuda?”. Aceito e agradeço o braço amigo do(a) jovem. Seguro uma lágrima orgulhosa de você ser assim e, em passos de tartaruga, me arrasto até a Rodoviária, que fica ali pertinho da comprida Avenida Independência. Pasteis e um caldo de cana geladinho, só os da Rodoviária! Por que?... sei não... aqui é assim. Mas como eu não vivo só de comer pasteis, sou forçado a bater um papo com mil amigos no Bar do Dodô, e lá haja conversa: umas de velório, outras um pouco mais divertidas; algumas mentirinhas, etc. e tal, mas todas regadas de caipirinhas... santo remédio, principalmente se seguidas por “geladas loirinhas”.
Depois do sacrifício, penso pensando – por um tempinho – qual a marca do carro que me deixará no meu portão, desliga a ignição e só sai quando eu entro e me tranco no barraco.
Planaltina, você é demais pra mim! Você tem o gosto e o cheiro do que eu chamo Poesia.
Outro daquele abraço do seu namorado.

Vivaldo.

Daqui mesmo, em 19 de agosto de 2010.

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