segunda-feira, 30 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
O trabalho construtivo lubrifica os neurônios e evita o seu ressecamento.
Boa-tarde!

LÁGRIMAS
(Vivaldo Bernardes)
Escrevo-te, chorando, estes meus versos,
as marcas no papel logo as verás.
São lágrimas que caem dos olhos tersos;
são manchas que tu nunca apagarás.

Os pingos que tu vês no meu escrito
vêm da alma e os olhos me inundam
e caem quando eu os teus eu fito
e tremem quando os olhos se aprofundam.

Justos são os soluços que me abrasam
ao pensar nas palavras que disseste,
impondo condições que te comprazam.

Penso eu que o amor jamais se vende,
e não há um amante que conteste
depois do fogo que nele se acende.
 
Planaltina-DF, 05/08/2005

sexta-feira, 27 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
A vida é uma incógnita. Cabe a cada um de nós decifrar a sua.
Boa-tarde!

PEDIDO
(Vivaldo Bernardes)

- à minha saudosa Teresinha -

Podendo ouvir-me donde tu estás
dedica, por favor, minutos teus
e olha para baixo se te apraz
e ajuda-me a viver os anos meus.

Se peço que me ajudes no combate
que travo como fosse um demente,
espero que meus versos tu acates,
se isso no teu Plano se consente.

Socorre-me nas horas indecisas
que sofro nessa Terra de insanos,
mostrando-me estradas mais precisas.

E quando eu desgarrar-me desta Esfera,
deixando para trás os desenganos,
bem sei que estarás à minha espera.

Planaltina-DF, 15/02/2006

quarta-feira, 25 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Se a Terra fosse quadrada, seria mais condizente ao perfil humano.
Boa-noite!

FORRÓ
(Vivaldo Bernardes)
Vou contar a minha história
que comigo aconteceu.
Para mim foi uma glória
que de fato sucedeu.

Fui chamado pra dançar
lá na Casa do Idoso,
sem saber o que falar,
fiquei muito curioso.

Fui chegando devagar
e entrando no portão.
Como eu podia dançar
com a bengala na mão?

“Sem bengala eu não me aprumo”,
pensei eu com meus botões,
mas logo peguei o rumo
dos enfeitados galpões.

Eu nasci não no nordeste,
de forró eu pouco entendo.
Eu não sou “cabra da peste”
e o que fazem vou fazendo.

Estava pensando assim
quando vi uma faísca:
uma dama vindo a mim
e era a Dona Francisca.

De cabeça toda branca
nos seu noventa e um anos,
Dona Francisca foi franca:
-“Já sofri mil desenganos”.

Convidei-a ao salão
onde a gente já dançava,
eu com a bengala na mão,
ela meus pés não pisava.

Terminado o que ouvia
não fiquei aperreado,
pois dancei como eu queria,
como no tempo passado.

Despedi-me agradecido
da dama que foi meu par
e um pouco comovido,
minha voz não quis falar.

Planaltina-DF, 21/08/2004

segunda-feira, 23 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Prometo te esquecer quando a enxurrada subir a ladeira.
Boa-noite!

DIÁRIO DE UM LOUCO
(Vivaldo Bernardes)
Meu Deus!... Será loucura isto que me traz
a mente indecisa entre o sim e o não,
das horas de vigília aos dias de abstração,
quando tudo na vida me é fugaz?

“Já não penso o que sempre pensei ser”
- falo comigo. Nada mais me importa!
Quero sair do caos por outro porta,
aquela que me leve a esquecer

a serpente que me enrolou a sorte,
injetando-me nas veias a peçonha,
tornando-me a vida enfadonha,

o que - penso eu - me trará a morte
em doses qu’eu tomo pouco a pouco,
como costuma ser o fim dum louco.

Planaltina-DF, 30/05/2011

sexta-feira, 20 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Quem só se preocupa com a aparência do seu exterior, tenta esconder as fezes do seu interior.
Boa-noite!
FOI NUMA FESTA (Conto Poético)
(Um conto que não é em PROSA, ou PROSA EM VERSOS, ou, talvez, o inverso)
Eu cheguei sem segunda intenção.
Não pensava em haver “Alguém” por lá.
De repente eu vi a tentação:
veio-me à frente Rainha de Sabá.

Cumprimentos corteses e alegria,
inclinei-me ‘a Alta Majestade,
que m´estendeu sua mão como devia,
qu´eu beijei com respeito e humildade.

E sentei-me ao lado da Rainha,
em lugar já por ela indicado...
sentindo que sua mão pegava a minha,
eu fiquei muito, muito assustado.

A toalha cobria os nossos pés,
seus sapatos de seda, de fivela,
atirados aos belos rodapés,
e o salão tinha piso de flanela.

Ao queixar-se sentir muito calor,
foi tirando o seu manto de arminho,
e deixando exposto o seu odor
de rainha pedindo o meu carinho.

Os meus pés massacrados pelos dela
e Rainha, usando a majestade,
ordenou apagasse logo as velas
ao mordomo submisso à Potestade.

Foi aí que, me olhando de trevés,
já rainha não era e sim mulher,
convidou-me ao “salão dos canapés”
aonde ela vai com mais outros quaisquer.

Todo homem tão galante e vaidoso
ficaria também como fiquei,
pois “ficar” co´a Rainha é muito honroso.
Imediato o convite aceitei.

Já descalço e sem minha casaca,
dirigi-me ao salão supracitado,
quando o Rei, cafetino, abre a catraca
e me diz: -“pagamento adiantado!”

Olhei bem no semblante do “seo” Rei
e retruquei que eu fora convidado:
-“como tal, de pagar nada sei”.
Mas o susto não tinh´inda passado.

Quando ouvi, foram dois os tiros certos:
um foi nela e o segundo no mordomo
que caiu com os dois olhos abertos
e, na mão, um revólver todo em cromo.

Foi o ciúme, paixão que ele tinha.
Era escravo e ela era a rainha
e o rei, pobre, pobre cafetino
embolsava “o tudo” com mau tino.

Mas a Dama Primeira não morreu.
Com cuidados, remédios, reviveu,
convidou-me morar lá no seu Paço
e o Rei... e o Rei foi pro espaço...

E agora, dizendo francamente,
eu não sei se o contado é mesmo um conto,
pois o conto é prosa e não somente
decassílabos dados, tudo pronto.

Mas o ponto distinto lá no CONTO,
são as vírgulas, ponto e exclamação
que existem, também, e sem desconto,
nos meus versos que bem contados são.

E na hora de isto terminar,
eu pergunto a quem de conto entende:
-“Será conto?” – isto é o que me prende!
e indago inda antes de assinar.

Vivaldo Bernardes de Almeida
Planaltina-DF, 19/07/2002

quarta-feira, 18 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Ao repartires o pão, guarda para ti as códeas.
Boa-noite!
A ALGUÉM
(Vivaldo Bernardes)
- uma sugestão -

Quando o meu coração sentiu o seu,
foi batendo, pulsando apressado.
Perguntei se você sentiu o meu,
respondeu-me de um modo acanhado

que “amizade nos faz só muito bem”.
Insisti e tornei a indagar:
-“O que quero vai muito e muito além,
e com isso Você vai concordar?”

A distância que hoje nos separa
não impede a nossa conjunção.
O desejo está dentro e não pára,
nem pensar eu não quero num seu “não”.

Aqui fica a minha sugestão
bem sincera, como é o meu viver.
Se você aceitar a opinião,
pense logo e venha me dizer.

Sou sozinho e só, você está.
Pense bem lá nos “contras” e nos “prós”
e a resposta já logo me dará.
O seu “sim” ficará só entre nós.

Se seu “pró” for mais alto que seu “contra”
e o seu “sim” for maior que o seu “não”,
será claro, Você logo me encontra
ajoelhado, pedindo a sua mão.

Entretanto, o destino é esquisito:
não se sabe o que vai acontecer
e eu nisto, com medo, já reflito:
um seu “não” para mim melhor morrer...

Planaltina-DF, 24/07/2002

segunda-feira, 16 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Se te julgas perfeito, ipso facto ainda estás longe de sê-lo.
Boa noite!
A BELA ADORMECIDA
(Vivaldo Bernardes)
- no Correio -

Eu cheguei com a carta entre os dedos.
Era carta de amigo para amigo.
Dentro dela não pus quaisquer segredos.
“Registrada” – pensei eu cá comigo.

-“Registrada?” – perguntou-me a funcionária,
indo à máquina, de olhos nos meus olhos.
Respondi – “sim” e ela solitária,
só olhou-me com ares de refolhos.

-“Tu és linda!.. e tu já sabias disso?
-“Sim” – respondeu-me muito sorridente.
-“Eu então sou outro que fala isso?”
-“És o décimo” – disse entre os dentes.

No seu dedo eu vi uma aliança.
Indaguei se casada ela já era.
-“Sim, eu sou, porém isso eu não quisera”.
E sorriu como fosse uma criança.

-“Tenho inveja do homem teu marido”.
-“Obrigada!” – falou agradecida
e eu sai nem um pouco constrangido
por ter visto a Bela Adormecida.

Nosso “papo” por ora ficou nisso,
mas eu notei que ela, de repente,
conhecendo demais e muito disso,
virou o papel e leu o “remetente”.

Planaltina-DF, 27/07/2002

sexta-feira, 13 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
O choro é a tristeza que sai pelos olhos.
Boa-noite!
EPITÁFIOS
(Vivaldo Bernardes)
Epitáfios os há em profusão.
Uns em ouro, em prata ou pedra bruta.
Dizem até do extinto a profissão,
e contam como foi a sua luta.

Já outros, só contêm uma palavra:
“saudade”, com as datas de costume,
escritas em camadas de betume,
mostrando singeleza em dura lavra.

Mas todos têm retalhos de saudade,
desejos da presença que perderam,
lembranças deste mundo, sem maldade.

Quanto ao meu epitáfio, mais singelo,
homenagem aos poetas que morreram,
“FOI POETA”, pois é o que anelo.

Planaltina-DF,10/04/2002

quinta-feira, 12 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
A quem sabe o que é amar, não há outro valor maior.
Boa-tarde!
JUSTA PREOCUPAÇÃO
(Vivaldo Bernardes)
Forçado fui a uma cirurgia,
para pôr uma válvula no crânio,
tudo bem, pois me deram anestesia
e rasgaram lá no fundo o endocrânio.

Imediato eu dormi sem dor nenhuma.
Fui raspado, cortado e remendado,
mas dormindo sentia certa bruma,
e falar não podia, anestesiado.

Da cabeça até ao duodeno,
desce um tubo redondo e muito fino,
nada mais, era um comprido dreno,
não chegou a ofender todo o meu tino.

Abundante, o sangue esparramava,
cor vermelha pintando o corpo amigo,
e o tubo foi descendo, me manchava
até perto, um pouco, do umbigo.

Já passada a dita anestesia,
invadiu-me um susto aterrador,
e tremia e o sangue me fazia
pensar sério num erro do Doutor.

Imediato, apalpei co´uma das mãos
o lugar onde ficam e devem estar.
Lá estavam e firmes ambos sãos...
abrandou-se assim o meu mal-estar.

Perguntado, o Doutor-cirurgião
respondeu-me: “- Não sou um carniceiro.
Todo o teu tá na mesma posição.
Eu mexi, mas deixei-te o corpo inteiro”.

Planaltina-DF, 08/08/2002

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Por mais sincero seja, o perdão não apaga a cicatriz.
Boa-noite!
CORISCO
(Vivaldo Bernardes)
 
Qual corisco passaste na minh´alma,
revivendo o que estava adormecido.
Levantei entre as mãos a verde palma
e supus minhas dores ter vencido

Prometeste a mim a Terra e o Céu,
escreveste até “Homem Maravilha”
em bilhete encoberto pelo véu
do insincero, e perdida foi a Ilha.

Pois te vi no portão com outro Alguém,
em conversas tão doces quanto às minhas
e as promessas se foram para o além,
com palavras que a mim já dito tinhas.

No meu peito, o amor já instalado,
acordei do meu sonho de indigente.
Coração que já está tão machucado,
ficou mais... ficou mais inda doente.

Guarda a carta qu´eu te escrevi chorando,
co´o papel que está todo manchado
das lágrimas que pingam, vão molhando
coração e o meu Ser estraçalhado.

Eu te dei amor com sinceridade,
mas não posso ser-te tão indulgente,
pois feriste-me o rosto tão de frente
e sobrou-me a tua insinceridade.

Resta agora dizer-te, outra vez,
que desejo só tua felicidade
com alguém que procuras, ou talvez,
no portão da tua insinceridade.

Planaltina-DF, 30/08/2002

sexta-feira, 6 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Os sábios e os gênios enviados à Terra são alunos-monitores do Mestre das Galáxias.
Boa-noite!
FALANDO DE AMOR (Ah, se...)
(Vivaldo Bernardes)
Se soubesses o que sinto por ti!
Se pudesses medir o meu amor!
Amor igual eu nunca inda vi
e sem ele a vida é um horror!

Se me deres metade deste amor...
Só metade já me consolaria...
Voaríamos alto qual o condor
e feliz, e feliz eu te faria.

Se tu quiseres dele aproveitar,
se as palavras ouvires qu´eu te digo,
dize, pois, pronto estou a te amar,
“Sou feliz”, direi eu a mim comigo.

Se tua boca falasse o que queres,
se visses o que os olhos teus me falam
eu seria um bendito entre as mulheres
e livre destas dores que me ralam.

“Desenrola-te”, sai do caramujo!
Vem a mim qu´eu te quero bem assim.
Eu procuro, tal qual velho marujo,
jóia rara que venha junto a mim.

Planaltina-DF, 30/07/2002

quarta-feira, 4 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Nas Altas Esferas do Universo, os desastres atômicos da Terra são vistos como fenômenos de um mundo primitivo.
Boa-noite!
CORAGEM
(Vivaldo Bernardes)
Neste fundo covil de serpes peçonhentas
é inevitável qua a dor se manifeste
quando o sol se põe nestas noites ferrugentas
e o tempo traz o farfalhar do cipreste

cada vez mais perto do glorioso dia,
último dia da catastrófica Esfera
deste primitivo mundo chamado Terra
em que, no velho tronco, a coruja pia.

Nesta rotina a nossa vida se esvai
ouvindo cada noite o mesmo piado
até que o tronco apodrece e cai
e outra vida nos terá começado

vivendo na Natura em nova paragem,
agora conhecendo o que é coragem!

Planaltina-DF, 29-03-2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

PENSAMENTO DO DIA:
Pelo jardim se conhece o seu dono.
Boa-noite!
OS NOSSOS NOMES
(Vivaldo Bernardes)
O teu nome disseste ser Fulana
e o meu tu já viste em envelopes
e o Destino, parece, nos irmana,
pois de amor, coração tu me entopes.

Eu de ti sei apenas o teu nome,
e também que és linda de matar,
e por isso me matas devagar.
Quero TUDO com nome e sobrenome.

Telefone não peço por enquanto
e tu sabes “porquê” do meu recato,
mas o meu já levado pelo encanto
tá na lista com todo o aparato.

Se quiseres saber com exatidão
tudo aquilo que a mim me diz respeito,
já te adianto: não ser só a paixão,
é loucura que rasga o meu peito.

Eu de ti só espero mesmo o “sim”,
de que jeito e maneira a teu critério.
Não fiquemos somente como assim.
Não me leves de ânsia ao cemitério.

Planaltina-DF, 06/08/2002