terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA:

Mais importante que a saúde do corpo é a saúde da alma.

Bom dia!!!!
CORAÇÃO LESADO
(Vivaldo Bernardes)
Eu pedi a Esculápio examinar
o meu corpo, inclusive o coração.
Com cuidado, depois de me auscultar,
afirmou: "tens lesão por comoção".

O teu mal é saudade da Querida,
é emoção, é tensão insopitável.
Medicina não cuida da ferida
que é d' Alma e, portanto, incurável".

Ante tal parecer abalizado,
vou vivendo, vivendo assim-assim,
pois o meu coração está lesado.

Convenci-me: curar-me é impossível,
levarei esta dor até meu fim,
té acabar desta vida o combustível.

Planaltina-DF,31/01/12

ACRÓSTICO



Maior que tudo do
Universo, és a
Luz que ilumina o
Homem e a
Estrada que o leva à
Razão de viver.
VIDA: UM LIVRO DE MIL CAPÍTULOS
(Vivaldo Bernardes)
Do berço ao esquife, a crônica da vida
é escrita por nós com a cor definida
pelas páginas divididas em capítulos
onde se escrevem os mais diversos títulos

comumente escritos pela paixão cardiopata
condizente co estado d'alma do autor
sensível à dor que a ela é inata,
culpando o coração pelo extremado ardor.

Porém, no livro da vida há os contundentes
capítulos que tratam da ingratidão
sofrida no parágrafo da solidão

e o coração que sempre se mostrou valente,
não suporta e para no último título,
fechando o Livro da Vida de Mil capítulos...

Planaltina-DF,29/01/12

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA:

Se erraste o teu caminho nas voltas da vida, para, pensa e volta.
Bom dia!!!!
Vivaldo Bernardes

FELICIDADE,ONDE ESTÁS?
(Vivaldo Bernardes)
Aqui, nesta filial do inferno
onde te mostras como  corisco 
que se desfaz qual um rápido risco 
no escuro e glacial céu do meu inverno,

aqui eu te procuro noite e dia!
Vem, fica comigo por um minuto!
Prova-me que não és mera utopia
e cura a saudade com que reluto!

Por Deus! Felicidade, neste instante
chega mais perto do meu coração!
Escuta o seu pulsar dissonante.

Só contigo poderei suportar
a saudade em fervente  ebulição.
Só tu poderás me ressuscitar!!

Planaltina-DF,26/01/2012


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pensamento do dia:

Cada dia de saudade é menos um ano de vida.

Bom dia!!!
O SENHOR TEMPO
(Vivaldo Bernardes)
Nascem os segundos;
vãos-se os minutos;
somam-se as horas;
fazem-se os dias;
juntam-se os anos;
unem-se os séculos;
explodem os milênios.

Neste infrene calendário constante,
nesta infinda avalanche de segundos
nossa vida se imiscui por um instante
nesta Terra e nos trilhões de mundos
dependentes do Senhor dos Universos,
donde o poeta tenta plagiar os versos,
mas, lhe sorri a sorte após a morte.

Planaltina-DF,20/01/2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pensamento do dia:
Quando a tristeza te bater à porta, fecha-lhe também as janelas.
Bom Dia!!!!

A BOCAGE, O POETA!
(Vivaldo Bernardes)
Em amena conversa de poetas
interessei-me pelos teus sonetos
e vi que as minhas noites inquietas
rimam com as tuas em lânguidos duetos.

Duetos afinados de amarguras,
causas dos nossos finados amores,
os mesmos que atiçam as nossas dores
num paradoxo d'amores-torturas.

Sofrer é próprio do nefelibata
afogando nas nuvens femininas
as delicias do ópio que o mata.

Amar é apanágio do romântico
que sente o carinho das boninas
e faz dele o seu mais belo cântico.

Planaltina-DF,20/01/2012


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pensamento do dia:
Quando, na vida, tudo te parecer infeliz, vira a moeda, pois o seu outro lado te mostrará a efígie da felicidade.
Bom dia!!!
VENTOS
(Vivaldo Bernardes)
 
Vejo ventos varrendo vastidões,
violentando viandantes e viajores,
vazam vácuos,violentos vagalhões,
vergando varas, ventos vencedores.

Verdes vidas vãs, vazias,
vitimadas, vencidas pelos ventos.
Vendavais virulentos e vadios
viram vidas vividas,vis, violentos.

Na voragem dos ventos vou vivendo,
vencendo verdadeiros vergalhões.
Até vejo que a vida vai valendo...

Vislumbrar os viveres bem vividos,
visitar, conviver visitações,
é viver, e os ventos ver vencidos.

Planaltina-DF,18/01/2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Pensamento do dia.
Se a tua vida te parece fútil, vive o que te resta e procura ser útil.
Bom dia!!!
ANGÚSTIA
(Vivaldo Bernardes)
Tu és dor irmã gêmea da Saudade
e irmã também és da solidão.
Tu me feres com tanta crueldade!
Não respondo se estou vivo ou não.

Incertezas quanto ao meu futuro
mantêm-me preso a ti, inseparável.
És irmã siamesa do escuro
e me tornas a vida insustentável.

Se me ouvires com pouco de bondade,
meu pedido não é de estarrecer:
diminui de um tanto essa maldade!

Mas se surda tu fores aos meus ais,
pelo menos ajuda-me a morrer,
pois confesso que assim não vivo mais...

Planaltina-DF,04/09/2002
CHORO GÊMEO DA SAUDADE
(Vivaldo Bernardes)
Francamente,não sei o que fazer
desta vida que não acaba mais.
As sequelas me roubam o prazer...
choro, choro e a saudade é demais.

O chorar não é só da meninice,
é do homem, aumenta com a idade,
já com quase oitent'anos de velhice,
mais o choro é amigo da saudade.

Eu bem sei que o chorar nada resolve,
sei também que o tempo não devolve
tudo aquilo que eu vi na minha vida.

Só não sei tantas lágrimas guardar,
se meus olhos não podem segurar
a saudade que eu sinto da Querida.

Planaltina,DF,01/07/2002

COMPANHEIRA
(três anos antes da partida de Teresinha-Vivaldo Bernardes)
Olhando o teu retrato de mocinha
e vendo a fina jóia emoldurada,
reflito quão feliz a vida minha,
por ter-te companheira de jornada.

Os anos já vieram e foram embora:
outros tempos virão e passarão
e nós continuamos como outrora,
levando a vida e dando- nos a mão.

Mas como "não há bem que sempre dure",
qualquer dia partiremos separados,
chorando o que ficar e o que partir.

E aquele que ficar que tudo ature,
até que sejam ambos consolados
no novo e grande encontro que há de vir.

Planaltina-DF,17/01/2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Pensamento do dia:
Se achas difícil começar, nunca haverás de terminar.
Bom dia!!!

AO MEU CORAÇÃO
(Vivaldo Bernardes)
Já tens quase oito décadas pulsando,
esquecido do tempo interminável,
mas agora estás me machucando
de saudade, de dor insuportável.

Se puderes, bem deves descansar,
repousando também o corpo exausto.
Já cumpriste a função que é de amar,
cessa agora teu derradeiro hausto.

Que fazer do pulsar que bates certo?
se sequelas a mente me atormentam
e o fim, eu pressinto, está bem perto!...

Teu pulsar é-me  inútil nesta vida...
Tanto tempo e as dores só aumentam,
nada resta a mim senão partida...

Planaltina-DF,06/09/2002


AO MEU CORAÇÃO - II
(Vivaldo Bernardes)

E então? Não ouviste o meu pedido?
Continuas pulsando sem cessar
e parece meu tempo foi perdido,
implorando-te o hausto estancar.

Esgotei meus pedidos e anseios.
Volto ainda e ajoelho-me aos teus pés!
E por Deus! socorre-me dos receios.
No meu peito robusto inda és.

Se vedares essa tua brava bomba,
estarei livre e solto pra voar,
terminando a sequela que me tomba.

Se negares-me tudo o qu'eu pedir,
nada mais já te resta a me doar
e temo ao mal maior não resistir.

Planaltina-DF,08/09/2002 
O RIO E O MAR
(Vivaldo Bernardes)
A um rio caudaloso a desaguar no mar,
cotejo o meu coração a derramar na alma
esta infinda conjugação do verbo amar,
esta lembrança ladra que me rouba a calma

afogando a memória nas salobras águas
dum romance que se niilificou no tempo,
sepiando a alma de dolorosa mágoa,
mágoa por não ver realizado o seu intento:

Planos sufocados pela enchente pluvial;
desejos desfeitos pelas ondas do mar;
alma ferida por estrondoso caudal.

Mas, o coração prossegue inundando a alma
das letras com que se escreve o verbo amar,
até que o rio seque e à alma volte a calma.

Planaltina-DF,14/01/12

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A UM POETA PERNAMBUCANO
(do mineiro Vivaldo Bernardes)

Oi, Heitor! Peço-te desculpas pela minha demora.
Acontece que, na vida, tudo tem hora,
por isso, só agora te envio minha opinião
sobre tua poesia de profunda abstração.

Eu não só "passei por lá e dei uma olhada",
como me pedes em delicada mensagem,
mas fiquei um tempão co'alma molhada
de tua poesia vinda de sublime paragem.

Tu vês a Biologia qual imensa poesia
a flutuar sobre uma simples lixeira
e com um golpe poético da alquimia

fazes dela um esplendoroso poema,
hasteando a multicolorida bandeira
co'a palavra POESIA escrita como emblema.

Após esta opinião,
há braços e coração!

Planaltina-DF, 12.01.2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pensamento do dia:
Se podes ter o que já tens,esquece o que não podes ter.
Bom dia!!!
MEU ÚNICO CONSOLO
(Vivaldo Bernardes)
Atropelado por maldita sorte,
eivada de pernície mentirosa
prefiro,como solução, a morte
que me seria menos dolorosa

comparada às chamas deste inferno
alcunhado tristeza-solidão,
como final glacial deste inverno
a que me trouxe a desilusão,

já no fim desta insuportável vida,
deste samba- enredo de vão final,
cujas evoluções são conhecidas 

por quem tem como único consolo
o pouco que lhe resta deste umbral,
o que não será mais que um tijolo

Planaltina-DF,13/08/2011

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PENSAMENTO
(Vivaldo Bernardes)

A melhor maneira de acertar o amanhã é errar menos hoje.
Bom dia!!!
TURBULÊNCIAS ANÍMICAS
(Vivaldo Bernardes)
Quem me dera poder esquecer o teu nome!
nem que fosse só por um dia, por uma hora,
por um minuto esquecer a saudade enorme
do teu rosto, da tua voz qu'eu ouvia outrora!

Minh'alma te reclama, meu coração chora
fustigados que são por tão dorida ausência
e todo o meu ser sofre a consequência
dessa separação que minh'alma deplora.

Contudo, querida, eu ouvi a Razão
que aconselhou-me drástica decisão
de deixar-te, mesmo morrendo de saudade!

Assim é a vida do homem que te ama
e deseja que seja eterna esta chama,
ainda que com outro aches a felicidade.

Planaltina-DF,29/07/2011
SAUDADE
(Vivaldo Bernardes)
Se o teu coração sentisse
o que eu sinto por ti
e um beijo me pedisses
eu teria o que perdi.

Ainda guardo comigo
o retrato que me deste,
amarelado e antigo
como uma flor campestre.

Só Deus sabe o tamanho
desta imensa saudade
dos nossos dias de antanho,
antes da fatalidade.

Tua ausência me esmaga!
O teu nome permanece
como o fogo que aquece
e o tempo não apaga...

Perdi o teu endereço!
Se achas que o mereço
volta a mim e mo traz
se isto inda te apraz.

Planaltina-DF,14/07/2011

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012


COROA POÉTICA

         Nesta espécie literária que se compõe de 15 sonetos, o último (XV) é elaborado com os versos em negrito dos 14 anteriores.

CANTOS DE SAUDADE
(Vivaldo Bernardes)
I
Quarenta e seis anos vivemos unidos,
a cada tropeço tivemos cem glórias
e o amor a crescer, em primores seguidos,
gravando as histórias nas nossas memórias.

Num dia de outubro, partiste serena,
deixando comigo tristeza e saudade,
na luta cruel, nesta pérfida arena,
repleta de dores,de vã ansiedade.

Mil flores plantaste na vida a correr,
exemplos me deste do teu bem viver
de clara coerência e de autenticidade.

Amiga tu foste de todas as horas,
de dia ou de noite, dormindo a desoras,
cumprindo os deveres com tanta acuidade.




II
Cumprindo os deveres com tanta acuidade
guiando os caminhos do nosso viver,
doaste virtudes e boa vontade,
trazidas da infância, do modo de ser.

Jamais de ti queixa ouvindo ou lamento,
vivemos de modo singelo e comum,
tendo o essencial e sadio alimento,
distantes do luxo, pois era nenhum.

Por vezes sorrindo, por vezes chorando,
de agudos espinhos de nós desviando,
levamos a vida que Deus nos quis dar.

Eis ambos da sorte a girar a roleta
e escoar-se a areia da infrene ampulheta,
sonho acalentamos de filhos ganhar.



III

Sonho acalentamos de filhos ganhar
e o tempo corria em anos floridos
de anseios forjados na mente sabidos,
à espera de termos a quem afagar.

Eis que em certo mês de cinqüenta mais quatro,
chegou o regozijo dos pais, dos avós,
nascendo o Primeiro dos dois que idolatro,
chegando a Segunda, dois anos após.

Tu foste o exemplo do reto caminho,
dos filhos cuidando com muito carinho,
moldando o caráter dos nossos dois seres.

Felizes nós fomos nos anos dourados,
os dois tu comigo, carinhos trocados,
co’a mente ocupada pensando só neles


IV

Co’a mente ocupada pensando só neles,
que eram e são a razão de nós dois,
lamento que os tempos não voltem àqueles,
com planos diários, sonhando depois.

O tempo passando e as vergônteas crescendo
e deles sorrindo às pueris traquinagens,
as letras primeiras já bem aprendendo,
do Céu nosso lar refletindo as imagens.

E tu ufanavas dos filhos que tínhamos
- e te ufanas-, viva que estás noutra esfera
lembrando-te o amor que coeso retínhamos.

E hoje, saudosos dos tempos de outrora,
certeza nós temos, ficamos à espera
de mais mil abraços no éter afora.




V

De mais mil abraços no éter afora,
eu conto nos dedos os anos que faltam
até Deus se lembre e chegar minha hora,
curando as saudades que, acerbas, me assaltam.

O que conseguimos com dor ou prazer
está estampado na face dos filhos,
que, com sacrifício do próprio lazer,
amparam o pai sem quaisquer empecilhos.

“Plantando se colhe”, lá diz o ditado,
e eu colho mil vezes o que foi plantado
em terra tão fértil com base no amor.

E tu, que respiras o ar doutro mundo,
visando os meus olhos lá deles no fundo,
verás que misturo saudade com dor.


VI

Verás que misturo saudade com dor,
chorando esta falta de quem muito amo,
daquela que foi com certeza o fator
de nossa união e do amor que proclamo.

Se tu, donde estás, porventura puderes,
explana bem claro este amor de nós dois,
nascido em estrelas, no Sol se quiseres,
e que,vindo à Terra, chegou bem depois.

Ouvindo de ti o almejado sinal
feliz ficarei, bem ciente, afinal,
de que teu trespasse o afeto aumentou.

E,quando eu me for desta luta cruenta,
verei que na vida a afeição tudo aguenta,
florindo os caminhos por onde ela andou.



VII

Florindo os caminhos por onde ela andou,
afasta os espinhos e as pedras do chão,
curando feridas que a dor provocou
e as chagas limpando com alvo algodão.

Não sei se recordas o carro que viste,
mas quero lembrar-te  de um fusca o primeiro,
e tudo passou e a imagem inda existe,
velhinho e valente, não via atoleiro.

E foi nesse carro caindo aos pedaços,
quinhentos quilômetros sem embaraços
que fomos os quatro com toda a bagagem.

E,hoje, sonhando tremenda aventura,
reflito que o amor infinito perdura,
por muito distante que esteja a paragem.


VIII

Por muito distante que esteja a paragem
que ora habitas, tão longe de mim,
um dia também vou fazer a viagem
e ver-te feliz com abraços, enfim.

Dos filhos, te digo que ambos vão bem,
saudosos de ti, como assim os deixaste,
cuidando de mim e a vida entretêm,
partindo da hora em que tu te mudaste.

Se apenas dois filhos tivemos na vida,
foi plano, foi meta por nós escolhida
de termos dois filhos, mas bem educados.

Mas bem educados volvendo ao transcurso
dos anos vindouros com parco recurso,
ouvindo a razão em exemplos curados.



IX

Ouvindo a razão em exemplos curados
e mais o bom senso que a vida resguarda,
os dois nós tivemos pra lide amparados
co’a benção de Deus,que nos ouve e nos guarda.

De mim, eu não sei o que devo falar:
de bem ou de mal, vou vivendo aos pouquinhos,
à espera da hora que Deus me marcar,
da vida afastando teimosos espinhos.

Meu lar se acabou quando tu te calaste;
perdi o encanto e na vida sou traste.
Dos males que sofro, não sei o pior.

Bengala na mão, que equilíbrio não tenho,
os anos recordo do meu desempenho,
na ânsia de ver-te no Plano Maior.



X

Na ânsia de ver-te no Plano Maior,
não temo da vida o final que se apressa
e teimo em fazer-me cada dia melhor
à espera da hora e que chegue depressa

É justo que eu diga também nestes versos
do afeto que vejo no lar em que habito,
nos dias intranquilos ou fados adversos,
trazendo-me a força do puro granito.

Deixando na Terra tudo que fruíste,
não foi culpa tua que minh’alma feriste
na rota imutável de nós,os humanos.

Nas vagas mui altas estou navegando,
as velas já rotas eu vou remendando,
até ancorar em etéreos arcanos.



XI

Até ancorar em etéreos arcanos,
navego custoso oceano de abrolhos,
driblando com arte os meus mil desenganos,
passando por cima de tredos escolhos.

O que me conforta é a nossa Doutrina,
firmada na lógica escora do carma,
que a tudo com fé prosseguir nos ensina,
doutrina bendita, que é nossa arma.

Malgrado o tumor que na próstata guardo
e mais cataratas que exigem resguardo,
entendo que os males tivemos vencidos.

A dor que se aceita, se for entendida,
é conta saldada no livro da vida.
Os restos teremos por bem conduzidos.


XII

Os restos  teremos por bem conduzidos
em vidas contínuas de esferas alhures,
em outras estâncias, em campos floridos,
zerando outras faltas devidas algures.

Se assim te dirijo estas míseras folhas,
bem sei que já tens disto tudo ciência,
mas digo, esperando que então tu me acolhas
e comigo estudes a nossa ambiência.

Repito,já tens disto tudo ciência
e espero que supras a minha carência
com fluidos serenos que  já conquistaste.

Ausente de mim por intérmino lustro,
não vens visitar-me e eu cá não me frustro
porque nos meus sonhos comigo falaste.


XIII

Porque nos meus sonhos comigo falaste
de coisas singelas, de assuntos só nossos,
desejo que a imagem de mim não se afaste
e venhas da alma curar-me os destroços.

As dores que eu sinto são como esmeril
e frutos ao certo de vidas passadas
pagando minh’alma, ceitil por ceitil,
as faltas que nela estão bem arraigadas.

Mas cumpro, feliz, o quinhão que eu ilustro
e, com o afeto que eu nunca deslustro,
prossigo os meus passos na rota infinita.

Tropeços eu tive,mas quem não os tem?
em sonhos te vejo e eu, já bem velhustro,
incúrias na vida,sim,tive  também.



XIV

Incúrias na vida, sim, tive também.
Pisei firmemente, por vezes sangrando;
também naveguei onde a onda vai e vem
e as águas escuras do mar vou singrando.

Termino esta carta com muitas saudades,
dos anos tranquilos que juntos vivemos,
só resta pedir-te que muito me agrades
mandando uma linha do amor que mantemos.

E quando eu me for e que espero não tarde,
veremos que o afeto entre nós inda arde
tal qual chama viva dos tempos já idos.

O novo viver tem raízes no astral
e nunca se acaba, porque, afinal,
eu sinto tão longe os momentos vividos.



XV

Eu sinto tão longe os momentos vividos.
Em sonhos te vejo e eu, já bem velhustro,
ausente de mim por intérmino lustro,
entendo que os males tivemos vencidos.

Não foi culpa tua que minh’alma  feriste.
Meu lar se acabou quando tu te calaste,
partindo da hora em que tu te mudaste
e tudo passou e a imagem inda existe.

Explana bem claro este amor de nós dois,
o que conseguimos com dor ou prazer,
com planos diários, sonhando depois.

De anseios forjados na mente sabidos,
guiando os caminhos do nosso viver,
quarenta e seis anos vivemos unidos.

ANTES E DEPOIS DE TI
(Vivaldo Bernardes)
Antes de ti,as ondas do mar eram mansas,
o barco singrava ao repuxo das marés
e o clarão da Lua iluminando o convés,
inundava o barco de virtuais bonanças.

Virtuais bonanças viradas maremoto
depois que lançaste ao mar as velas do barco
e escondeste a bússola em lugar ignoto,
abandonando o casco atolado no charco.

Atolado no chargo da ingratidão,
vive a marinheiro indiferente ao mundo,
respirando o  infecto ar da solidão.

Respirando o infecto ar da solidão,
vive o timoneiro qual um vagabundo,
naufragado em profunda introspecção...

Planaltina-DF,07/01/2012