quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AMAR-TE MAIS
(Vivaldo Bernardes)
Amar-te mais, já não me é possível,
pois tenho esgotadas as palavras,
e o teu coração pulsa,incompreensível,
aos pedidos do meu, que escalavras.

Pensa comigo e vem que assim te quero,
do jeito que surgiste-me na vida
e o tempo que me deres eu te espero,
até teu coração me dar guarida.

Sufocam-me,contínuos,os soluços,
na espera interminável de tua alma,
e aos teus pés eu me lanço sem rebuços.

A ti eu dou amor imperecível:
acode-me e traze-me a calma.
e amar-te mais,então,será possível.

Planaltina-DF,10/06/2005
ADEUS
(Vivaldo Bernardes)
"Adeus" é a palavra qu'eu te digo
com o meu coração dilacerado,
pois procurei-te e não achei o abrigo
que negas ao meu ser desesperado.

Imploro-te ainda uma vez:
Socorre-me e terás tudo de mim.
Comova-te o estado em que me vês.
e vê se posso eu viver assim.

Ainda com resquícios de esperança.
mas vendo os meus apelos rejeitados,
arrasto-me a ti como criança.

E vendo-me quem sou nos olhos teus,
de olhares disfarçados,simulados,
deduzo que a palavra é mesmo "adeus".

Planaltina-DF,12/06/2005

terça-feira, 29 de novembro de 2011

PALAVRAS
(Vivaldo Bernardes)


As palavras qu'eu digo, doloridas,
nos meus versos repletos de saudade,
refletem bem as minhas horas idas
e me trazem, bem perto, a insanidade.

Motivos eu não tenho pra sorrir,
e vivo assim, vivendo por viver,
até que chegue a hora de partir,
quando,então,me verei ao pó volver.

Mudarei,nesse dia, o meu falar,
respirando,ao certo, outro ar
que não este, manchado de ilusões.

Cantarei, nos meus versos,não a dor
que fere este viver desolador,
em versos sem terrenas pretensões.

Planaltina-DF,13/06/2005

DEPRESSÃO
(Vivaldo Bernardes)
Raios,trovões e os apagões são o que ouço e sinto
a me fustigarem a alma e o coração
apropinquando-me, dia a dia, do labirinto
onde estão a tristeza e a desolação.

É esse o preço qu'eu pago quando tento
esquecer alguém que foi metade de mim
por um tempo que passou como passa o vento,
levando consigo a flor do meu jardim.

Confesso que, sozinho, não suportarei
a ausência da mulher que ainda muito quero
mesmo sabendo que sem ela morrerei

Pois é assim, amigo, este meu amor,
não amor qualquer mas sim grande e sincero
e ciente de que não há amor sem dor.

Planaltina-DF,25/11/11

BRASAS ENCOBERTAS
(Vivaldo Bernardes)


Pensava mais ninguém ter para amar
após a tempestade que assolou
minha vida,cansada de esperar
o seu fim, que ainda não chegou.

E surgiste-me,amiga extemporânea,
trazendo-me só dor e sofrimento.
Pelo menos és tu muito espontânea
e mostras entender o meu tormento.

Mas não basta que apenas o entendas,
se reviras as brasas encobertas
pelo tempo,e o segredo não desvendas.

Acendeste o meu fogo adormecido,
e ele,em labaredas bem despertas,
queimou-me o coração envelhecido.

Planaltina-DF,16/06/2005


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ATÉ QUANDO, CORAÇÃO?
(Vivaldo Bernardes)


Sempre me aconselhaste, em nome do amor,
fazer-me surdo aos ditames da Razão
que me ordena a usar o maior rigor
no trato da minha extrema decisão

de esquecer o nome de quem muito amei,
embora isto te fira profundamente
e me faça chorar como nunca chorei
sozinho, às escondidas, tal qual demente.

Porém, sinto que esfriaste o teu calor
e não te importa mais a minha decisão
por veres entupidas as tuas coronárias

que inda te levam retalhos do amor,
restos dum ardor,de lágrimas solitárias
que te perguntam : - Até quando , Coração?

Planaltina-DF,22/11/11
CAMINHOS
(Vivaldo Bernardes)


Apelar já não faço a quem curar-me possa.
Entretanto prossigo adiante com meus passos
que me levem - quem sabe? - a me afastar da fossa,
por caminhos ignotos, amargos e escassos.

Sobre as ondas remei com pés e mãos sangrando,
com a mente confusa, oca e mui balbuciante.
Perigosos abrolhos altos fui rumando
sem chegar, afinal, à praia aconchegante.

De repente uma luz longe se faz presente,
desfraldando a bandeira - esperança da paz,
do caminho e do amor de qu'eu era carente.

E se a  mim me azedava o viver d'outros dias,
sem coragem de ver o que o tempo me traz,
a vitória proclamo nas rudes porfias.

Planaltina-DF, 28/05/2004

O NOVELO
(Vivaldo Bernardes)


Se vires na gaveta entre os teus esquecidos
o famoso "NOVELO"enrodilhado e tonto ,
deixa-o lá , que a aranha agradece o fio pronto
e tecerá com ele os ninhos bem urdidos.

Mas, se abrires o livro antigo e desgastado,
sacrário da Palavra e da sabedoria,
lerás, com emoção e prazer, a Poesia
pura, sem espirais nem aranhol armado.

Não verás régua-tê, retângulos e cubos,
tampouco algum desenho ou pedaço de tubos
no poema que é arte, é palavra-emoção.

Venera o "alexandrino", o verso grave e a rima;
cultua  a inteligência  e o metro que a arrima,
ama o ritmo do poema,ama sem dimensão.

Planaltina-DF,30/06/97

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

HEURECA!
(Vivaldo Bernardes)


Há quem diz que na vida tudo passa
até que, no tempo ,a dor se desfaça
como se isto me fosse consolo
depois de ter vivido como um tolo,

suportando tua indiferença,
alimentando a minha descrença
do meu sincero e renascido afeto
do qual, como nenhum, foste o objeto.

Dou graças por ter tido a coragem
de te deixar definitivamente 
sem calcular a nefasta voragem

que me causaria tal decisão
tomada por mim repentinamente
embora ferindo o meu coração.

Entretanto,nesta vida moleca,
ACHEI! o caminho que certamente,
trará alguém cuja falta me resseca.

Planaltina-DF,20/11/11



AS MINHAS MARIAS
(Vivaldo Bernardes)


Ah, as minhas Marias! que saudade delas..!
Umas mais outras menos mas todas elas
ainda moram cá no meu coração
pulsando com ele em alta tensão 
com a minha irrestrita permissão.

Comecei a história com Maria Glória.
Já na fim conheci Maria Bonfim
e Maria Modesta!Ah,igual a esta 
só Mariana nos fins de semana 
quando eu não via a Maria Abadia

Com tantas Marias,em última instância,
ainda prefiro a Maria Constância
embora das dores quem me sara e cura 
sempre foi a Maria Saracura.
Mas quando sinto "outras dores",morro
nos braços da Maria do Socorro.

Planaltina-DF,19/11/11 
DISFARCES
(Vivaldo Bernardes)


Quando o tempo voltar atrás e a saudade,
de repente, fizer dos teus olhos dois rios
lembrando as razões destes teus dias sombrios,
disfarça a dor e esquece a afetividade

enganosa e faze das tripas coração
e pensa que não há amor sem um senão
que poderá,um dia, te levar, a priori,
à tua própria ruína, o que seria a pior

e mais grave consequência dum fragmentado 
afeto que tu juravas fosse eterno
mas,se começou no céu se acaba no inferno.

Porém não te culpes por veres fracassado
o teu sonho d'amor,pois tudo se acaba
qual um fruto apodrecido da goiaba.

Planaltina-DF,18/11/11

sábado, 19 de novembro de 2011

IN EXTREMIS
(Vivaldo Bernardes)
Cá do fundo do abismo escuro em que m´abrigo
levanto minha voz e peço à Potestade
que me livre da dor e pertinaz saudade
que a mim me desbaratam e a crescer lobrigo.

Se por ti o clamor, de vez, não for ouvido,
nem de mim te lembrares um minuto apenas
devo então conviver com minhas duras penas
e guardar os meus ais bem fundos no olvido.

Mas tu que tens memória aguda e rigorosa,
bem podes amparar-me na via dolorosa,
pois que pedidos já os fiz bem às dezenas.

Peço vênia e suplico à Alta Majestade
retirar-me do vale escuro por vontade,
levando-me a viver nas esferas amenas.

Planaltina-DF, 23/05/2004

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A GRANDE MALA
(Vivaldo Bernardes)


A mala é grande e mostra a ínfima bagagem.
O que nela já pus? Amor e alguns sonetos
que falam de saudade amarga nos quartetos
e da lembrança doce e amiga da viagem.

É só de quantidade e só de qualidade,
pois não há no garimpo abissal das palavras
outras que digam mais, sejam das mesmas lavras
e tenham mais calor e sensibilidade.

De encher a mala fico eu só na pretensão,
pois da viagem o fim chegando de mansinho,
vai serenando a ânsia atroz do coração.

Assim, vou arrastando a mala pela estrada,
guardando nela os bons momentos do caminho
e a poesia que recolho, às margens encontrada.

Planaltina-DF, 02/09/97
SEMENTE DO AMOR
(Vivaldo Bernardes)

Quem se confunde e ama os ouropéis da hora
esquecendo o trabalho e sonhando na alfombra;
quem morto para o mundo está se vendo e chora,
desconfiando até de sua própria sombra;

quem tudo abandonou, descrente dos valores
eternos e morais, herança de ancestrais,
mas apenas caminha e não sente os rigores
da estrada, ou avalia os climas outonais,

se, contudo, inda olha o seu irmão demente
e, no âmago, sente a solidariedade
a lhe confidenciar:"Ajude, tente, tente..."

ainda é o Senhor que possui a semente
da virtude e do amor,da fé e da verdade,
esperando o plantio, no coração carente.

Planaltina-DF, 16/08/98 


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ORGULHO
(Vivaldo Bernardes)

Quando o orgulho chegar,olhemos nossos pés
que ainda pisam  a Terra humilde,de expiação,
e veremos que o pó que nos cobre as lorés
é o mesmo que suja os chinelos do irmão.

Nascidos na matéria imunda e em crosta densa,
somos todos do espaço imenso,navegantes,
do senhor ao vassalo e do bruto ao que pensa,
iguais no mesmo barco,em mar de ondas gigantes.

Assim o nosso orgulho, insensato e vazio,
não tem razão de ser. É ventania de estio
que varre da nossa alma a compreensão e o amor.

E,olhando outros pés feridos e descalços,
vemos a mesquinhez dos nossos deuses  falsos
que ensinam os caminhos e a ascensão sem dor.

17/12/1996
MULHER II
(Vivaldo Bernardes)

Tu és pura e nobre,origem do homem;
da Terra és rainha,do lar segurança;
aos entes do mundo não tens semelhança;
carinhos tens muitos que não se consomem.

És luz que se acende no escuro das noites;
farol que indica o roteiro a seguir;
bonança que trazes no rosto a sorrir
depois da borrasca, no fim dos açoites.

És fonte segura d'amor desvelado;
cansaço não queixas ou dores quaisquer,
só tendo por mira o amor acendrado.

O amor genuíno que trazes no peito
é próprio de ti, pois te chamas  mulher,
por mais dores sintas não mudas teu jeito.

02/07/2004

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ
(Vivaldo Bernardes)

Só eu e Deus sabemos a falta que Você
me faz...!este vazio..,este imenso deserto..,
este"sozinho -comigo"que ninguém vê,
sem Você a me mostrar o caminho certo.

Sei que você  entende a minha aflição
e que das forças qu'eu tinha inda resta um pouco
para alimentar o amor qual faminto cão
uivando à Lua cheia como se fosse um louco.

Estes versos expressam a minha ânsia
de estar consigo ao menos por um dia!
Lembre que o amor não tem distância

e ambos o sentimos por telepatia.
Contudo,se eu não respiro a sua fragrância,
imagine a falta que você me faz!!

Planaltina-DF,14/11/11

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O SOL E A PENEIRA
(Vivaldo Bernardes)

Tu foste o meu Sol que me deixou saudade.
Tua faísca incendiou este meu coração;
obnubilou meus olhos a tua beldade;
ferveu o meu sangue até à ebulição.

Mas,coitado de mim...foi só fogo de palha...
as altas chamas se fizeram em poeira,
em saudade que me corta a alma qual navalha...!
Esquecer-te? é tapar o sol com peneira!

10/11/11

MULHER 
(Vivaldo Bernardes)

Conheço-te,Mulher,conheço-te inteira,
da tua altiva tez aos delicados pés.
Singrando o mar da vida,és a timoneira.
Por mais palavras ouço,escondes-me quem és.

Escondes-me quem és,por mais palavras digas.
Só podes ser divina a te esconderes tanto,
pairando em longes sóis,em que feliz te abrigas,
pois és igual em tudo,ao que há de mais santo.

Nas horas mais difíceis,horas de ansiedade,
o Homem te procura,à busca da verdade 
que trazes junto a ti,na fala esclarecida.

Por fim,não sei dizer de onde tu vieste,
mas sei,daqui não és,e sim do azul celeste,
da mais brilhante estrela,e aqui estás perdida.

Abril/2005


domingo, 13 de novembro de 2011

FILHOS
(Vivaldo Bernardes)



Debruçado na vida, eu vejo horas passadas...
Das vergônteas de cor verde, aos maduros frutos,
tudo se diluiu, como se em vãos minutos
eventos fossem qual paisagens de estradas.

E na velocidade intensa e inexorável,
o tempo atropelou brinquedos de criança,
alicerçando o amor, unindo a esperança
adolescente e pura, ingênua e amorável.

Depois... a madureza, o tempo da razão,
soprara como o vento, apontando outros nortes,
que o Fado conheceu e ditou a afeição.

E o ciclo continua como um conto de fadas:
vergônteas vão crescendo... e tecem laços fortes...
debruçado na vida, eu vejo horas passadas...

abril/1997

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PERGUNTAS A UM POETA
(Vivaldo Bernardes)

Por que teu incontido estado de ansiedade,
na busca do soneto único e inimitável?
Não vês que a mesa é farta e o pão inesgotável?
Não sabes que o tempo é toda a eternidade?

Cantando a vida,vê-a a teu modo de vê-la,
e pensa logo,pois que a tua sina é esta:
eterno sonhador,a mente sã e lesta,
navegas desta Terra à mais distante estrela.

Não penses nunca o fim: aceita o teu tormento.
Se disserem morar nas nuvens o teu leito,
de lá perto estarás da deusa Cor de Prata.

Vai e volta,viajor!..a vasculhar o vento,
que a ti trará do Sol o soneto perfeito,
saciando de uma vez essa ânsia que maltrata.

Planaltina-DF,09/11/11
ENQUANTO ME QUISERES
(Vivaldo Bernardes)

No instante em que mostraste a mim teu corpo inteiro,
temi não resistisse o velho coração.
Tocaste-me o corpo e eu,muito brejeiro,
senti desfalecer,tamanha comoção.

Depois...ficamos nós,unidos como um só.
contaste a tua vida e eu contei a minha
que vento violento a transforma em pó.
levando de roldão os planos que eu mantinha.

Não sou como outrora e tu bem me conheces,
pois sabes minha idade e o que ela me traz,
e ao leres estes versos,eu peço que te apresses.

Apressa-te comigo antes qu'eu chegue ao fim,
pois inda me deleito e tudo me apraz,
enquanto me quiseres e vires tudo em mim.

Planaltina-DF,09/11/11

terça-feira, 8 de novembro de 2011

EM CIMA DO MURO
(Vivaldo Bernardes)

No mundo conturbado em que em cada esquina
ouvem-se elogios,protestos e perguntas,
respostas incoeerentes,esdruxulas e esquivas,
produtos exclusivos de mentes bestuntas;

No mundo em que a toga avalia o nada
somado à coisa-alguma,acrescentado de zeros
é igual,igualzinho ao teatro de chanchada
com eruditos e risíveis leros-leros.

Nesse habitat de interesses pessoais
a palavra é duvidosa e pouco importa
pois o uso do cachimbo faz a boca torta.

Por estes e por outros opostos laterais
sujeitos à pecha de possíveis perjuros,
o mais certo é ficar em cima do muro!

Planaltina-DF,05/10/11

REFLEXÕES II
(Vivaldo Bernardes)

Se tudo se acabar,não saberei viver.
Não sei se viverei,sequer por mais um dia,
morrendo de saudade e louco por rever
aquela que foi minha,em horas de alegria

Se tu te fores antes,inesperadamente,
procura-me no céu,procura o teu amigo,
pois partirei daqui,desesperadamente,
sem tempo de viver,viver sem ser contigo.

Porém,se eu me for e aqui inda ficares,
mil beijos me darás,olhando o meu retrato,
guardando,como sempre,o teu fiel recato.

E quando lá no céu,sorrindo me fitares,
nós vamos nos lembrar dos gozos que deixamos,
motivos de prazer em corpos que amamos.

Planaltina-DF,08/11/11

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CAMINHOS ESTREITOS
(Vivaldo Bernardes)

À beira do caminho estava eu caído,
sedento,a implorar a quem me desse a mão,
co' a alma em frangalhos e o coração ferido,
e tinha por amiga,enfim,a solidão.

Surgiste-me, mulher,assim tão de repente,
trazendo água limpa e dando-me a beber,
tratando com amor meu coração doente
e dando cores vivas a este meu viver

Porém,tudo se foi...e tudo se acabou.
-Por que me abandonaste agora,meu amor,
se amei-te como nunca alguém já te amou?

Entanto,por te amar,aceito os teus direitos,
mas nunca encontrarás quem tenha o meu calor,
e ao certo trilharei caminhos mais estreitos.

Planaltina-DF,07/11/11

CATÁSTROFES
(Vivaldo Bernardes)

Ai de nós que vivenciamos a concretude
das tristes e desoladoras profecias!
fenômenos de arrepiante magnitude:
vulcões vomitam fumo que asfixia;

cadáveres insepultos exalam miasmas
como se fossem apodrecidos fantasmas;
pavorosos tsunamis afogam as gentes
ricas e pobres indefensas,indigentes.

Porém,mais grave que as erupções vulcânicas
é a lembrança de alguém que jamais esqueço,
amarga saudade que me leva ao pânico 
por saber que menos que isso eu não mereço.

Planaltina-DF,07/11/11
FATOS E RELATOS
(Vivaldo Bernardes)

Lá pelas tantas...lua cheia...e eu ruminando,
remoendo o egoismo dum beija-flor.
E' verdade: passei o dia me perguntando
se o ciúme é defeito do amor.

O fato é que o citado passarinho
assumiu a guarda da sua Margarida,
afugentando ávidos por um beijinho
da flor cujo néctar lhes sustenta a vida.

Esse sentimento de posse egoísta
é natural sintoma de que o amor
é singular,único e absolutista,

não permitindo como sócios acionistas
outros que desfrutem do mesmo licor
por ter o amor caráter exclusivista.
É fato: um olho no peixe e outro no gato.

Planaltina-DF,07/11/11

sábado, 5 de novembro de 2011

BALANÇO DA VIDA
(Vivaldo Bernardes)
Os anos se sucedem implacáveis
e trazem, cada um, marco fatal
das pedras da estrada, inevitáveis,
na vida de quem chega ao final.

Final que se aproxima a ferro e fogo,
mostrando a cada um o que já fez
do amor com que nasceu pra este jogo,
pesando o bem e o mal com sensatez.

E a tela da razão nos mostrará
escrito já por nós o que faltou,
no prato que a balança indicará.

E a alma alcançará novos destinos,
cuidando de pagar o que restou
da vida que levou em desatinos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

AJUDA
(Vivaldo Bernardes)
- à minha falecida esposa, Teresinha -

Depois que tu te foste desta vida,
partindo antes de mim que agonizava,
minh’alma vive os anos combalida,
à busca do que antes a alegrava.

Procuro e não acho o que me agrada,
pois foste e levaste tudo meu,
deixando esta alma degredada,
chorando sobre tudo o que foi teu.

Razão não tenho mais para viver
e peço o teu auxílio até morrer,
daí de onde estás que me ajudes.

Os anos se escoando e eu perduro,
vivendo a respirar o ar impuro
dest’alma ainda rude e sem virtudes.

Planaltina-DF, 19/03/2006


terça-feira, 1 de novembro de 2011

NÓS E AS COISAS
Vivaldo Bernardes)
Que coisa!!! não consigo me safar da saudade,
essa transmissora do vírus da tristeza
entre outras coisas apanágios da idade,
companheiras da nossa única certeza

de um dia não falarmos mais coisa com coisa
quando estivermos sob nossa tumular loisa.
Tirante isto,o que sobra são coisinhas,
são lições aos alunos de alma mesquinha.

Dentre as coisas que me afligem a alma
e ferem as fibras do sofrido coração,
interferindo na sua lenta pulsação,
distingo essa coisa que me rouba a calma:
a lembrança de quem já foi minha afeição.

Planaltina-DF.29/10/11

INSÔNIA BENÉFICA
(Vivaldo Bernardes)

Somados os noventa pulos do ponteiro,
não mais sabendo o que fazer do travesseiro,
auscultei,nesse interregno,o meu ego
e o vi curvado pelo peso que carrego

a dizer-me: -Suporta o peso e o que vier.
-Lembra que amas uma pífia mulher
que nada tem além dos atrativos do sexo
e do relacionamento rude e complexo-

Após as evidentes razões do meu eu,
tento olvidar o que a minh'alma sofreu
e julgo ter sido minha insônia benéfica

pois"antes sozinho que mal acompanhado"
embora o coração se veja estraçalhado
enquanto me durar essa afeição maléfica.

Planaltina-DF,26/10/11