segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUE AMOR É ESTE?
(Vivaldo Bernardes)

Forçado por razões que nunca concebi
que pudessem nublar o imenso amor,
aquele sentimento ardoroso por ti,
tudo terminou em inconsolável dor

acrescida do dó por saber-te enferma,
este dó que maltrata o meu coração
porque não te retira da tua noite erma,
quando já esqueceste a nossa afeição

Se ontem eu te amei sem impôr condição,
levado pelos teus encantos feminis,
hoje te vejo qual passada ilusão.

Agora que meu sangue todo já bebeste,
agora que estou preso à vida por um triz,
pergunto-te,aflito;que amor é este?

Planltina-DF,31/10/2011



domingo, 30 de outubro de 2011

ESCREVER E ESCREVER, A QUEM E POR QUÊ?
(Vivaldo Bernardes)
O título pergunta e eu tento responder: escrevo a quem me queira ler, indistintamente ou com endereço certo e, escrevendo, uso todas as classes de palavras.
Gosto muito dos pronomes, de preferência o pessoal, da 3ª pessoa e no feminino: ELA, e o respectivo plural.
Igualmente, agradam-me os substantivos próprios do gênero feminino que dão nome ao pronome acima citado e são a eles, personificados, a quem escrevo e com eles vivo.
Dando por respondida a primeira pergunta, passo à segunda, que também é de fácil resposta: Por quê? Porque, sendo humano, possuo o dom da fala, exclusivo a esta classe chamada de gênero humano, e escrevendo falo; e falando, uso a faculdade que me é inerente. É natural. Até o mudo fala, por sinais.
E mais: porque escrever é lazer que se torna hábito que me satisfaz e escrevo pro gasto, sem compromisso, despretensiosamente, desse jeito.

sábado, 29 de outubro de 2011

À MORTE
(Vivaldo Bernardes)
Vens chegando, à socapa, sorrateira,
mandando-me alertas convincentes,
no preparo da hora derradeira,
com avisos mui graves e frequentes.

Não te temo, pois vens me prevenindo,
mas suplico dês mais tempo à poesia,
que só ela me traz ardor infindo,
e só nela eu me quedo em fantasia.

Mas, se pedir-te mais, e mais, eu posso,
atende um meu pedido qu’eu endosso,
e atrasa teu afã por mais um dia.

E pronto eu estarei, dia que quiseres,
e despedir-me-ei de mil mulheres,
em ritual de infrene boemia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ENFADO
(Vivaldo Bernardes)
Os anos se sucedem e são todos iguais,
exceto o calendário o resto se repete,
costumes que vieram, herança de ancestrais,
a obrigar o Homem a ser marionete.

Fantoches se revezam e os tempos se escoam
levando nossa alma a planos irreais,
de fúteis fantasias e sons que só ecoam
no Homem iludido em festas triviais.

O mundo se resume em vã filosofia,
mentiras descabidas e escrúpulos farisáicos,
veneno colorido envolto em ironia.

Declaro o meu enfado e minha antipatia
por tudo o que foi dito e pelo meu viver,
e desafio a quem me queira desdizer.

Planaltina-DF,26/10/11 
AMARGURA
(Vivaldo Bernardes)

Acabas de quebrar o elo que restava
daquele nosso amor tão pleno de esperança,
que eu guardei no peito e cá ele ficava,
pulsando acelerado e cheio de pujança.

Partiste para longe em busca de aventura,
deixando-me sozinho,acabrunhado e triste,
morrendo de saudade,à beira da loucura,
doendo o coração que fundo tu feriste.

Eu vivo a vegetar..Sem ti não sei viver.
Se  não voltares mais,meu fim será morrer,
sem ver-te algum dia,sequer por uma vez.

Escrevo-te estes versos,os últimos que faço,
a menos que tu voltes a ter o meu abraço,
chorando,arrependida,usando a sensatez.

Planaltina-DF,26/10/11
APESAR DOS PESARES
(Vivaldo Bernardes)
                                          
 Apesar dos pesares, eu te amo ainda
Meu amor é maior do que tu me fizeste.
Esquecendo o que houve,inda me és bem-vinda
e a ti tenho um amor que tu jamais tiveste.

Que tu jamais tiveste,em mãos de criminosos,
da parte de cruéis amantes,teus senhores,
que  só te ofereciam amores mentirosos
e hoje me comparas a esses malfeitores.

Compara com rigor e pesa o meu amor:
verás que não há outro igual ou superior,
verás que ele é puro e vem do coração.

E quando decidires entre os dois amores,
avisa-me a tempo e escolherei as flores:
jasmins no coração ou cravos no caixão.

Planaltina-DF,26/10/11

terça-feira, 25 de outubro de 2011

CAMINHOS CRUZADOS
(Vivaldo Bernardes)

Por mais de uma vez fizeste-me chorar;
fizeste-me chorar,mostrando quem és;
mostrando-me quem és,só posso lamentar;
só posso lamentar esse novo revés.

Este novo revés feriu-me o coração;
feriu-me o coração cansado de pulsar;
cansado de pulsar,morrendo de paixão:
morrendo de paixão,sem a quem apelar.

Sem a quem apelar e o amor sempre a crescer;
e o amor sempre a crescer,banindo os preconceitos;
banindo os preconceitos a que somos sujeitos.

Perdido foi meu tempo,em que pensei morrer,
cansado desse amor eivado de mentiras,
e a vida por um fio,por um fio não ma tiras.

Planaltina-DF,25/10/11


DOCE DOMÍNIO
(Vivaldo Bernardes)

Exerces sobre mim um tal domínio,
e falas com tamanha decisão,
que penso ter perdido o raciocínio
e entrego-me aos teus braços sem um "não"

Pessoas mais diversas me procuram,
mas sei que nada encontram mais em mim,
amores passageiros...,pouco duram...,
e eu vejo neles tão somente o fim.

Mas tu e eu que nos queremos bem,
passando o tempo,o tempo que passar,
o nosso amor vai disso muito além.

Domínio muito doce tu me exibes,
confesso,não ter forças para lutar,
pois tu,com teu encanto,me proíbes.

Planaltina-DF,25/10/11.
QUANDO O SOL SE PÕE
(Vivaldo Bernardes)

Quando o sol se põe e tudo escurece;
quando não se vê outro alvorecer,
quando a estrela-dalva já não aparece;
quando a vida for lembrada só para entristecer;

quando quem amamos partir para ficar;
quando a saudade ferir o coração;
quando o nosso mundo parece desabar;
quando aos nossos pés abrir-se o duro chão,

ainda assim é possível levantar e caminhar,
estendendo a mão a um irmão.

Planaltina-DF,25/10/11

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O VENENO E O REMÉDIO
(Vivaldo Bernardes)

Por mais estranho que pareça ser,tu és
o meu veneno que me mata de saudade
dos nossos momentos de extrema ansiedade
quando eu te adorava da cabeça aos pés.

Mas se de saudade,aos poucos,tu me matas,
tomo,de revés,o remédio que me salva,
suportando dos anos as muitas chibatas,
ciente de chegar contigo à Estrela-d'Alva.

Pois é,Amiga,tu és,simultaneamente,
na vida,o meu veneno e meu remédio
que me mata e me cura neste infindo tédio.

Por isso eu te imploro, veementemente,
que continues me matando e me curando
do cheiro do miasma que venho respirando.

Planaltina-DF,23/10/11
PERTINHO DE TI
(Vivaldo Bernardes)

À Teresinha

Tudo me faz crer ter chegado ao sopé
do gólgota que ainda me falta subir
embora de passos lentos,pé ante pé,
levando as dores que me restam suprir.

Do cimo do meu calvário,lembrar-me-ei
das dores com que entulhaste meu caminho,
vestindo de luto o que sempre almejei:
viver contigo no nosso último ninho.

Contudo ouço o clarim a me alertar,enfim,
do acerto das horas esquecidas por mim,
do amargo vinho que me falta beber.

Mas o que me vier será menos doído
se ficares ao meu lado,nos meus gemidos
pois pertinho de ti já poderei morrer.

Planaltina-DF,21/10/11

domingo, 23 de outubro de 2011

HINO DE AMOR
(Vivaldo Bernardes)
- à minha saudosa Teresinha -

Plantei no meu jardim chamado coração
a muda-flor, presente do nosso destino,
para conjurar a surdez da solidão,
voltando a ouvir a harmonia do hino

que a mim tu cantaste e a mim encantaste
ao entoarmos suas notas melodiosas
no nosso dueto, quando tu as solfejaste,
uma-a-uma, qual fossem pétalas de rosas

orvalhadas d’amor, extraídas da pauta
que o Maestro-Maior compôs e cantou,
como a voz suave de uma romântica flauta

em surdina, no silêncio afagador
com que o nosso destino nos premiou
juntando as sete notas num hino de amor.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PÁGINA VIRADA
(Vivaldo Bernardes)

És página virada e nada mais nos resta
daquele nosso amor,daqueles beijos quentes,
pois tudo se acabou,tal qual um fim de festa,
e eu não ouço mais teu ai por entre os dentes.

A culpa não foi minha e tua muito menos,
mas sim do preconceito,indiferente à dor
que esmaga corações e instila seus venenos
na alma do amante e busca o desamor.

Amigos da intriga urdiram nosso fim,
carpindo ferozmente o extenso vergel,
cortando na raiz o sensual jardim.

Entanto,guardo ainda as cinzas do passado,
molhando este papel com lágrimas de fel,
mostrando-me que o amor não foi inda apagado.

Planaltina-DF,19/11/2011


INDECISÃO
(Vivaldo Bernardes)

Não quero prosseguir te amando tanto.
Perdido foi o amor que eu te dei,
perdido estive eu por teu encanto,
por isso e por amar-te recordei.

Inteiro,o teu corpo tu me deste,
pensei que tinha o mundo em minhas mãos
e hoje,vê o que de mim fizeste!
Se ainda penso,são pensares em vão

Terríveis pensamentos me infestam
na hora de deixar-te duma vez
e idéias muito loucas me molestam.

Não quero mais ouvir teu belo canto,
e nem dizeres-me um breve"talvez",
mas quero prosseguir,te amando tanto...!

Planaltina-DF,02/09/2006


ÚLTIMA INSTÂNCIA
(conto sintético)
Vivaldo Bernardes

Madrugada!
Os grilos cricrilam lá fora.
Reviro-me na cama.
Penso em ti.Só em ti.
As horas se adiantam.
Acendo o abajur.
São três horas.

Levanto-me e caminho pelo quarto.
Relembro os nossos encontros.
Silêncio!...Todos dormem,menos eu.
Fustigas-me a mente.
Choro de saudade do teu corpo.
Sou demente.
Se venho,vens.
Se vou,vais.
Não me deixas um instante!
Eu sou tu,já não sou eu mais.
São estes os meus últimos versos.
Não suporto mais a tua ausência.
Abro a gaveta e reluto com a ideia.Olho-o.
E' de bom calibre.
Adeus.

Planaltina-DF,22/07/2006 


terça-feira, 18 de outubro de 2011

SONHANDO
(Vivaldo Bernardes)

Perdida a conta dos enfadonhos tiquetaques,
ferrei no sono e,para minha surpresa,
vi-te como eras,o rosto em destaque
mostrando um sorriso de suma beleza.

Estático até que pudesse falar
eu,quase afônico,consegui gaguejar:
-Tere...Teresinha,minha Di!doze anos!
-e eu inda aqui vitimado pelos danos

causados na minh'alma pela tua ausência.
Mesmo não te vendo sinto sempre a tua essência
a aliviar a minha extrema carência

E tu que já conheces os meus desenganos,
ajuda-me a curar o meu corpo e alma insanos
e a saudade que mata o coração humano!

Planaltina-DF,19/10/2011
AO MEU CORAÇÃO II
(Vivaldo Bernardes)

Que é isso?Será um outro desafio?
É verddade que,certa vez,quase paraste,
Lembras-te?Foram anos e anos a fio
de saudade que fez de ti um frâgil traste

E agora,co'a experiência que tens,
mais forte serás para  suportar a dor
repetida no peito em que mal te conténs
embora já conheças as dores do amor.

Sê como foste naquelas noites frias,
esquece que és um só,usa o que te resta
da outra batalha,tão grande quanto esta.

Lembra que és o mesmo, partido em fatias.
Convence-me de que ainda és capaz
de entender a vida na guerra e na paz!

Planaltina-DF,18/10/2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

REFLEXOS DO TEMPO
(Vivaldo Bernardes)

De passos lentos,ombros exaustos, fatigado,
memória nebulosa dos anos pretéritos,
retrato em preto e branco,emoldurado,
retalhos dos diplomas de "Honra ao Merito",

segredos dos amores jamais revelados
lenço encharcado sem motivo aparente,
alpendres de floridos vasos pendurados,
serenatas cantadas por violão candente...

tudo são detalhes,reflexos do tempo...
Ah!mocidade:que saudade de você!
daqueles nossos domingos de matinê!

Hoje,apenas tenho como meu passatempo,
assistir às repugnantes cenas de horror,
desde que vi perdido o meu tempo de amor.

Mudanças radicais viraram minha vida,
mostraram-me o outro lado da moeda:
a experiência que me evita outra queda.


Planaltina,DF,14/10/2011




CONDOLÊNCIAS DA ALMA
(Vivaldo Bernardes)

De corpo enfermiço e de alma perplexa
ante tão repentinos e explosivos conflitos,
cuja solução é íntima e complexa,
sinto meu coração e minh'alma aflitos.

Sim,amigo,vivi quase nove anos
envolvido por o que pensei fosse amor,
afeto próprio de dois corações humanos
e nele voei mais alto que o condor.

Nas altturas do céu,vagueei entre escuras
nuvens de possíveis interesses ocultos
atrás de evidentes intenções espúrias.

Sentindo o infecto cheiro do miasma,
não desejo perceber sequer o seu vulto
pois já recebi condolências da minh'alma.

Agora,só me resta carregar a cruz
que me dará forças para ascender à luz,
neste gólgota que ainda não transpus.


Planaltina-DF,12/10/2011

domingo, 16 de outubro de 2011

TROCANDO OS CORAÇÕES
(Vivaldo Bernardes)
Que pedes mais a mim, se dei-me todo a ti,
a alma e o coração que são só teus, Amor?
E que tu fosses minha, é só o que pedi?
Que falta-me te dar, além do meu calor?

Arranca do meu peito o coração que bate
e guarda-o inteiro, inteiro junto ao teu,
e eu serei, então, mesquinho bonifrate,
sem alma e coração, pois já roubaste o meu.

O teu já me pertence, assim tu me disseste,
depois que te beijei, enlouquecido assim,
trocando os corações, no beijo que me deste.

São dois os corações que pulsam mui frementes:
o meu que está em ti, e o teu que vibra em mim,
a se tornarem ambos, em nossos confidentes.

Planaltina-DF, 11/12/2006

terça-feira, 11 de outubro de 2011

AMAR-TE
(Vivaldo Bernardes)

Já disse muitas vezes e repito:
amar-te é o meu destino imutável
e dele desviar-me não cogito,
pois acho esse amor irrevogável.

Amar-te eu sempre amei e tu bem sabes;
amar-te sempre,é o meu fanal,
a menos que de velha tu te acabes
ou eu de velho morra,afinal.

Porém,não é a morte que apaga
tão grande chama com tão grande ardor,
ficando entre as cinzas o amor.

Amor não é o vento que desbraga
as cinzas que ficarem sobre as brasas
do fogo com o qual tu me abrasas.

Planaltina-DF,05/03/2006

INDIFERENÇA
(Vivaldo Bernardes)

Pedidos insistentes já te fiz,
até extrapolando o meu calor
e digo-te que sempre eu te quis
nos versos em que falo deste amor

Contudo,menosprezas meus pedidos,
fazendo-me sofrer a indiferença
que mostras já há vários anos idos
por versos que te pedem a presença.

A mim apenas cabe respeitar,
chorando,ao ver ao chão tão puro amor,
calando no meu peito esta dor.

Precisas aprender o verbo amar,
medindo como dói a solidão
na alma de quem tem um coração.

Planaltina-DF,09/03/2006
FRAGMENTOS
(Vivaldo Bernardes)

Contando nos dedos os anos que me restam
a atracar o meu barco de casco corroído
por feros tubarões que o meu mar infestam,
procuro esquecer meu coração ferido.

Confesso que não me é fácil olvidar
as dolorosas chagas do meu coração
porque apenas ele poderá sanar
a tristeza da minh'alma,sem consolação.

Mas,apesar da pernície dos meus intentos
desfeitos pelo tempo que vem e se vai,
indiferente á vida que se esvai,

busco esquecer os doídos ferimentos,
essa dor que do coração não me sai
por estar presa a profundos fragmentos.


Planaltina-DF,10/10/11



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MEU ANOITECER
(Vivaldo Bernades)
Quero o meu anoitecer iluminado
pela Lua e pelas estrelas.

Pretendo-o simples e natural como a
flor que se abre, vive e morre;

Quero um anoitecer sem futilidades,
puro como uma criança ao nascer,

Quero que cada noite seja como a
última: calma e repousante;

Almejo cabelos nevados, produto do
que fizemos, tu e eu;

Quero ter-te ao meu lado no último
raio de sol;

Quero encontrar a felicidade que se
esconde em ti;

Quero, no fim do meu anoitecer, dizer
que te amo, em sussurros de
amenidades e

Quero ter forças para suportar a tua
ausência.

Planaltina-DF,24/02/2006


TEU RETRATO
(Vivaldo Bernades)

À Teresinha

Até quando olharás os olhos meus,
imóvel como estátua no retrato
que guardo pra lembrar os jeitos teus
que por eles por pouco não me mato?


Por pouco eu não morro de saudade
dos tempos de mocinha que tu eras,
do dia que fizemos amizade
aos anos de felizes primaveras.


Depois partiste, foste para o chão
e eu fiquei como se fosse em alto-mar
sem bússola, nem mesmo um timão.


Navego esse destino muito ingrato,
no tempo em que Deus determinar,
beijando com saudade o teu retrato.



Planaltina-DF,12/02/2006

domingo, 9 de outubro de 2011

FOLHA AO VENTO
(Vivaldo Bernardes)
Tal qual a folha seca já caída,
levada pelo vento a arrastá-la,
rasteja a minh’alma, combalida,
em busca só de ti a consolá-la.

Os ventos de inverno me fustigam,
não sei para que lado hei de ir:
se vivo, meus desejos me instigam;
se morro, do inferno vou sair.

E tu, disto sabendo, não te importa
o meu estado d’alma de indigente,
tornando-te a mim indiferente?

Vem! pois meu coração já não suporta
pulsar assim, por ti, inutilmente,
bater assim, descompassadamente.

Planaltina-DF, 17/08/2006

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PÁRA, CORAÇÃO!
(Vivaldo Bernardes)
Já não suporto mais o teu pulsar constante,
e não tolero mais a tua pertinácia;
na vida toda não paraste um só instante;
em toda tua vida exibiste eficácia.

Descansa, coração! que eu não te aguento mais.
Amores já tiveste, a quem pulsar assim,
mas eles se acabaram e eu não terei jamais
alguém que te sustente até chegar meu fim.

Se pulsas por alguém, dize-me por favor,
pois desconheço quem mereça tanto ardor
que guardas em silêncio aqui no peito meu.

Presumo serem dois os amores escondidos:
um, a boemia já dos velhos tempos idos;
talvez o amor que chegou ao apogeu.

Planaltina-DF, 23/08/2005

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

TUA AUSÊNCIA
À Teresinha
(Vivaldo Bernardes)

Parece que foi ontem que partiste,
entanto cinco anos se passaram
e o choro nos meus olhos inda insiste
nos anos transcorridos que te olharam

As lágrimas que choro,copiosas
bem dizem,desta dor que me espanta
e molham teu retrato,dolorosas,
manchando tua imagem que me encanta.

As lágrimas sentidas já me cegam,
saudades com o tempo mais se apegam
 e sei que não virás me consolar.

Mas sei que terá fim a tua ausência,
pois sinto o desenlace em iminência,
formando nós um doce e novo lar.

Planaltina-DF,18/02/2006

PEDIDO
À Teresinha
(Vivaldo Bernardes)

Podendo ouvir-me donde tu estás
dedica,por favor,minutos teus
 e olha para baixo se te apraz
e ajuda-me a viver os anos meus.

Se peço que me ajudes no combate
que travo como fosse um demente,
espero que meus versos tu acates,
se isso no teu Plano se consente.

Socorre-me nas horas indecisas
que sofro nessa Terra de insanos,
mostrando-me estradas mais precisas.

E quando eu desgarrar-me desta Esfera,
deixando para trás os desenganos,
bem sei que estarás à minha espera.

Planaltina-DF,15/02/2006

terça-feira, 4 de outubro de 2011

PECADO
(Vivaldo Bernardes)

Olhando-te inteira e toda nua,
deitada numa cama á minha espera,
reflito na loucura minha e tua,
loucura-instinto que me torna fera.

No instante de eu ter-te em meus braços,
travei insana luta co'a Razão
e entre os mil beijos e abraços
optei só,simplesmente,por um "não".

Surpresa,perguntaste-me o porquê
da minha repentina decisão:
- "Mistério que o íntimo prevê".

Não quis eu nessa hora alucinada
manchar-te o teu véu de proteção,
e a chama do amor foi apagada.

Voltaste a insistir mui desbragada,
e eu,balbuciando um fraco "não",
manchamos de vermelho o teu colchão...

Planaltina-DF,12/02/2006




TUA BOCA
(Vivaldo Bernardes)

A boca que tu mostras nesse rosto
bem fala o que diz teu coração:
palavras,mas que têm o mesmo gosto
do amor que traz em si consolação.

Prossegue adiante,rindo como ris,
mostrando dentes alvos de marfim
e lábios que parecem flor-de-lis,
cheirosos como é o alecrim.

Porém,não ofereças o teu beijo
senão a quem não queria maculá-lo,
na ânsia incontida do desejo.+

Surgindo quem mereça dos teus lábios
favores que não venham a manchás-los,
darás,mas com cuidados muito sábios.

Planaltina-DF,30/01/2006

segunda-feira, 3 de outubro de 2011




ESSES OLHOS TEUS
(Vivaldo Bernardes)

Olhando esse teu rosto de mulher,
eu vejo um par de olhos de safira.
São olhos diferentes de quaisquer,
que tombam o humano que os mira

São tristes os teus olhos,ó querida,
parecem guardar mágoa de alguém
que passa e se vai na tua vida,
é mágoa que teus olhos inda detêm

Esquece tudo e tudo recomeça
e a vida mostrará o que faltou
nesse primeiro amor que se acabou

E nada haverá que te impeça
enquanto fores jovem como és,
de teres quem te beije os lindos pés.

Planaltina-DF,17/01/2006



FASCINAÇÃO
(Vivaldo Bernardes)

Dexei-me envolver e sou teu prisioneiro.
Por mais esforçoeu faça,aumenta a constrição
dos teus olhos de luz,do teu olhar brejeiro.
Em tudo vejo em ti a suma sedução.

Fascinas-me,mulher,puseste-me feitiço.
Debato-me em teus braços e neles mais me prendo.
Na ânsia de apagar o fogo,mais o atiço,
e vendo o futre esforço,aos beijos teus me rendo.

Parece bruxaria o que fazes comigo:
se saio,sais também;se volto já voltaste.
Livrar-me a tua imagem,a idéia eu já fustigo.

Por mais idade eu tenha,o amor inda persigo.
Por mais tenhas amado,assim jamais amaste.
Amaar-te mais que amo eu sinto,não consigo.

Essa tua afeição abrasa o meu desejo,
mostrando um amor maior do que já ofertaste,
e o amor nascido em mim,crescendo de sobejo.

Planaltina-DF,26/09/2005