domingo, 24 de julho de 2011

AMPULHETA
(Vivaldo Bernardes)

Vejo noites passadas, noites frias
a ampulheta do tempo, caprichosa,
a contar os momentos dos meus dias
a sugar minha vida qual ventosa.

Oito décadas foram consumidas
na voragem dos anos incansáveis
e a ampulheta, de entranhas carcomidas,
continua as viradas incontáveis.

Instrumento já gasto pelos anos,
os meus vasos pressentem erosão.
viram, viram no mundo dos enganos.

Quem sou eu? Nada mais que uma ampulheta
a marcar minha idade sem razão,
respirando tal qual anacoreta.

Um comentário:

  1. É de uma profundidade incalculável,me apaixonei pela forma linda de transmitir algo tão valoroso e ao mesmo tempo tão ilusório como o TEMPO.
    Parabéns!

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