sexta-feira, 22 de julho de 2011

JUSTA PREOCUPAÇÃO
(Vivaldo Bernardes)

Forçado fui a uma cirurgia,
para pôr uma válvula no crânio,
tudo bem, pois me deram anestesia
e rasgaram lá no fundo o endocrânio.

Imediato eu dormi sem dor nenhuma.
Fui raspado, cortado e remendado,
mas dormindo sentia certa bruma,
e falar não podia, anestesiado.

Da cabeça até ao duodeno,
desce um tubo redondo e muito fino,
nada mais, era um comprido dreno,
não chegou a ofender todo o meu tino.

Abundante, o sangue esparramava,
cor vermelha pintando o corpo amigo,
e o tubo foi descendo, me manchava
até perto, um pouco, do umbigo.

Já passada a dita anestesia,
invadiu-me um susto aterrador,
e tremia e o sangue me fazia
pensar sério num erro do Doutor.

Imediato, apalpei co´uma das mãos
o lugar onde ficam e devem estar.
Lá estavam e firmes ambos sãos...
abrandou-se assim o meu mal-estar.

Perguntado, o Doutor-cirurgião
respondeu-me: “- Não sou um carniceiro.
Todo o teu tá na mesma posição.
Eu mexi, mas deixei-te o corpo inteiro”.

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