FORRÓ
(Vivaldo Bernardes)
Vou contar a minha história
que comigo aconteceu.
Para mim foi uma glória
que de fato sucedeu.
Fui chamado pra dançar
lá na Casa do Idoso,
sem saber o que falar,
fiquei muito curioso.
Fui chegando devagar
e entrando no portão.
Como eu podia dançar
com a bengala na mão?
“Sem bengala eu não me aprumo”,
pensei eu com meus botões,
mas logo peguei o rumo
dos enfeitados galpões.
Eu nasci não no nordeste,
de forró eu pouco entendo.
Eu não sou “cabra da peste”
e o que fazem vou fazendo.
Estava pensando assim
quando vi uma faísca:
uma dama vindo a mim
e era a Dona Francisca.
De cabeça toda branca
nos seu noventa e um anos,
Dona Francisca foi franca:
-“Já sofri mil desenganos”.
Convidei-a ao salão
onde a gente já dançava,
eu com a bengala na mão,
ela meus pés não pisava.
Terminado o que ouvia
não fiquei aperreado,
pois dancei como eu queria,
como no tempo passado.
Despedi-me agradecido
da dama que foi meu par
e um pouco comovido,
minha voz não quis falar.
Planaltina-DF, 21/08/2004
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