CORISCO
(Vivaldo Bernardes)
Qual corisco passaste na minh´alma,
revivendo o que estava adormecido.
Levantei entre as mãos a verde palma
e supus minhas dores ter vencido
Prometeste a mim a Terra e o Céu,
escreveste até “Homem Maravilha”
em bilhete encoberto pelo véu
do insincero, e perdida foi a Ilha.
Pois te vi no portão com outro Alguém,
em conversas tão doces quanto às minhas
e as promessas se foram para o além,
com palavras que a mim já dito tinhas.
No meu peito, o amor já instalado,
acordei do meu sonho de indigente.
Coração que já está tão machucado,
ficou mais... ficou mais inda doente.
Guarda a carta qu´eu te escrevi chorando,
co´o papel que está todo manchado
das lágrimas que pingam, vão molhando
coração e o meu Ser estraçalhado.
Eu te dei amor com sinceridade,
mas não posso ser-te tão indulgente,
pois feriste-me o rosto tão de frente
e sobrou-me a tua insinceridade.
Resta agora dizer-te, outra vez,
que desejo só tua felicidade
com alguém que procuras, ou talvez,
no portão da tua insinceridade.
Planaltina-DF, 30/08/2002
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