sexta-feira, 20 de abril de 2012

FOI NUMA FESTA (Conto Poético)
(Um conto que não é em PROSA, ou PROSA EM VERSOS, ou, talvez, o inverso)
Eu cheguei sem segunda intenção.
Não pensava em haver “Alguém” por lá.
De repente eu vi a tentação:
veio-me à frente Rainha de Sabá.

Cumprimentos corteses e alegria,
inclinei-me ‘a Alta Majestade,
que m´estendeu sua mão como devia,
qu´eu beijei com respeito e humildade.

E sentei-me ao lado da Rainha,
em lugar já por ela indicado...
sentindo que sua mão pegava a minha,
eu fiquei muito, muito assustado.

A toalha cobria os nossos pés,
seus sapatos de seda, de fivela,
atirados aos belos rodapés,
e o salão tinha piso de flanela.

Ao queixar-se sentir muito calor,
foi tirando o seu manto de arminho,
e deixando exposto o seu odor
de rainha pedindo o meu carinho.

Os meus pés massacrados pelos dela
e Rainha, usando a majestade,
ordenou apagasse logo as velas
ao mordomo submisso à Potestade.

Foi aí que, me olhando de trevés,
já rainha não era e sim mulher,
convidou-me ao “salão dos canapés”
aonde ela vai com mais outros quaisquer.

Todo homem tão galante e vaidoso
ficaria também como fiquei,
pois “ficar” co´a Rainha é muito honroso.
Imediato o convite aceitei.

Já descalço e sem minha casaca,
dirigi-me ao salão supracitado,
quando o Rei, cafetino, abre a catraca
e me diz: -“pagamento adiantado!”

Olhei bem no semblante do “seo” Rei
e retruquei que eu fora convidado:
-“como tal, de pagar nada sei”.
Mas o susto não tinh´inda passado.

Quando ouvi, foram dois os tiros certos:
um foi nela e o segundo no mordomo
que caiu com os dois olhos abertos
e, na mão, um revólver todo em cromo.

Foi o ciúme, paixão que ele tinha.
Era escravo e ela era a rainha
e o rei, pobre, pobre cafetino
embolsava “o tudo” com mau tino.

Mas a Dama Primeira não morreu.
Com cuidados, remédios, reviveu,
convidou-me morar lá no seu Paço
e o Rei... e o Rei foi pro espaço...

E agora, dizendo francamente,
eu não sei se o contado é mesmo um conto,
pois o conto é prosa e não somente
decassílabos dados, tudo pronto.

Mas o ponto distinto lá no CONTO,
são as vírgulas, ponto e exclamação
que existem, também, e sem desconto,
nos meus versos que bem contados são.

E na hora de isto terminar,
eu pergunto a quem de conto entende:
-“Será conto?” – isto é o que me prende!
e indago inda antes de assinar.

Vivaldo Bernardes de Almeida
Planaltina-DF, 19/07/2002

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