A BELA ADORMECIDA
(Vivaldo Bernardes)
- no Correio -
Eu cheguei com a carta entre os dedos.
Era carta de amigo para amigo.
Dentro dela não pus quaisquer segredos.
“Registrada” – pensei eu cá comigo.
-“Registrada?” – perguntou-me a funcionária,
indo à máquina, de olhos nos meus olhos.
Respondi – “sim” e ela solitária,
só olhou-me com ares de refolhos.
-“Tu és linda!.. e tu já sabias disso?
-“Sim” – respondeu-me muito sorridente.
-“Eu então sou outro que fala isso?”
-“És o décimo” – disse entre os dentes.
No seu dedo eu vi uma aliança.
Indaguei se casada ela já era.
-“Sim, eu sou, porém isso eu não quisera”.
E sorriu como fosse uma criança.
-“Tenho inveja do homem teu marido”.
-“Obrigada!” – falou agradecida
e eu sai nem um pouco constrangido
por ter visto a Bela Adormecida.
Nosso “papo” por ora ficou nisso,
mas eu notei que ela, de repente,
conhecendo demais e muito disso,
virou o papel e leu o “remetente”.
Planaltina-DF, 27/07/2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário